O baiano de Ruy Barbosa, na Chapada Diamantina, Otto Alencar, médico ortopedista e senador da República, está bem pouco esperançoso quanto ao futuro do Rio São Francisco. Para ele, que está com 70 anos, até 2035 o Sobradinho não recebe mais qualquer vazão do rio ou de afluentes. “Eu creio que não há salvação para o Rio São Francisco. Se não tiver ação imediata do governo federal – e não vai ter, porque não tem recursos e não tem compromisso – no ano de 2035, não vai chegar uma gota d ´água no Sobradinho. Se não começar ação imediata com desassoreamento de afluentes e calha principal e replantio de matas ciliares, em 2035 não chega uma gota d´água na Barragem do Sobradinho”, repete o parlamentar, com a fisionomia que não esconde o pessimismo com a situação hídrica. Outro problema que tira o sono dele é a situação orçamentária dos pequenos municípios da Bahia (sobretudo aqueles com menos de 20 mil habitantes). “A grande maioria das prefeituras está à beira da falência. Não é por má gestão, é por falta de recursos, falta de condições de pagar pessoal, adicional, recolher previdência, para pagar precatórios de algum tempo, manter programas sociais”, enumera. “O que aconteceu é que o governo federal se endividou demais ao longo do tempo. Lula entregou o governo a Dilma em 2011 com 43% da dívida bruta do Brasil em relação ao PIB. Agora estamos em 72%, pode chegar a 80% até o final do governo Temer. Aí a gente vai virar Grécia.” O senador participou da Mobilização Pró Municípios organizada pela UPB, nesta quinta (26), e com o jeitão franco que virou marca registrada deu um puxão de orelha nos gestores municipais. “Se vocês não pressionarem seus deputados para aprovação do meu projeto, nada vai ser mudado“, condicionou o senador. Ele se refere a uma modificação na Lei de Responsabilidade Fiscal no que se refere ao limite de 54% de gastos com pessoal. Por causa da diminuição na arrecadação, quase todas as prefeituras da Bahia estão sendo obrigadas a demitir servidores para que o gestor não seja penalizado pelos tribunais de contas. “A grande demanda dos gestores municipais é com relação aos programas sociais criados pelo governo federal. Então, o momento do prefeito cobrar ao deputado e ao senador é todo dia“, ensina Alencar.
Fonte: Pablo Reis
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